Lições para a vida

Lição nº 1. 


Há muitos anos atrás, estava eu a lanchar com o meu pai numa pastelaria perto do quartel onde ele trabalhava.

Um homem, com um andar decidido, cabelos e barba comprida, vestia uma farda militar já bastante gasta, aproximou-se do meu pai, fez-lhe continência militar e gritou bem alto.

- Aqui soldado Zé, meu sargento!

No auge da minha adolescência, ao observar tal tipo de atitude de um homem que tinha todo o ar de ser um grande lunático, comecei a rir-me.
O meu pai, muito sério, deu uma palmadinha no meu ombro para que me acalmasse, e em tom baixo e seguro, disse para o homem:
- À vontade soldado! 

O homem então, fez novamente uma continência, deu meia volta e em passo de marcha saiu do café. 

Já mais controlada do meu riso, perguntei ao meu pai o que raio se tinha passado.
Ele lá me explicou que aquele homem, que vivia num bairro social perto do quartel, sempre sonhou ser militar. Conhecia todo o código de conduta e tudo. Tentou por várias vezes invadir o quartel, apresentando-se como soldado. E de todas as vezes que invadiu para se infiltrar no quartel, todas as vezes foi convidado a sair sem grandes alaridos.

Na verdade era um doente psiquiátrico. Um esquizofrénico. Um maluquinho que se achava capaz de ser militar. Havia quem se ria dele e havia pessoas como o meu pai que de uma forma muito séria e digna, o metia no lugar dele sem grandes dramas.


Lição nº 2.

Tive um cãozinho chamado Nico, que não a chegou a pesar mais de 3Kg. Era mesmo uma amostra de cão de raça Yorkshire Terrier.
O seu passatempo favorito, era  ladrar ferozmente a cães grandes que passavam por ele e tentar fugir do portão cá da casa e ir em encontro aos cães do meu vizinho: um Grand Danois e um Pointer. E enquanto estes cães gigantes se limitavam a cheirar o Nico, o pequeno Nico tentava morder-lhes, com alguma fúria, as patas (era onde chegava, coitado).

Os cães grandes que sem qualquer arte poderia dar-lhe uma dentada ou uma patada e matá-lo, limitavam-se a olhar para ele, completamente parvos e serenos. Nunca lhe fizeram mal.




Foi assim que aprendi que na vida, tal como na blogosfera, há muitos maluquinhos que querem ser soldados e muitos pequenos Nicos que querem fazer frente a cães grandes. Os wannabe.

Esses maluquinhos não têm culpa de serem maluquinhos. Os Pequenos Nicos não têm culpa de serem pequeninos. E os outros que os têm que gramar também não têm culpa. É mesmo assim.


Dão vontade de rir, no início, mas no fim, acabamos por ter pena desta tentativa de wannnabe e sem querer acabamos mesmo por ignorá-los ou olhar para eles com ar de parvo. Podem fazer escândalos, bracejar, inventar, ameaçar, morder, ladrar, dramatizar, vitimizar e acabamos por encolher os ombros completamente inúteis e imparciais a tais tentativas.

Coitadinhos, pensamos nós. Serão os eternos maluquinhos ou os eternos pequeninos. Isso nunca irá mudar. Eu poderia instigar o Nico a portar-se como um Grand Danois mas ele nunca poderá ser um.

Ninguém tem culpa se os seus intelectos e a sua pequenez seja assim tanta.   Ninguém teve culpa que o sarcasmo e a indiferença do meu pai por aquele individuo tenha sido além do seu nível  de inteligência.

Fica a Dica!



A Gaja vai se desdobrar durante uns dias. Uma parte da Gaja estará na Grécia (Santorini, Mikonos e Meteora), outra parte da Gaja na Madeira e a outra vai estar a trabalhar porque no Verão andou a curtir a praia. 
Vida dura, claro  :P 

Ficam os posts programados.






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